Fala, pessoal, bem-vindos à newsletter dudu escreve.
Po, Dudu, não ia começar só no dia 15/06? Sim, fica tranquilo! Eu ainda nem escrevi o texto 1. Hoje será apenas um evento-teste, ainda tem gente chegando!
Resolvi aproveitar que já temos mais de 100 inscritos na newsletter, entre leitores antigos e novos para postar esse “texto #0”, que escrevi em 2019 e foi publicado pela primeira vez no finado Facebook, mas que adoro e foi readaptado e corrigido. Sei que alguns de vocês já conhecem!
Também escolhi esse por estar meio nostálgico, ainda que isto seja um início. Nostálgico porque todo começo em algum projeto de escrita me remete às épocas em que escrevia, quando criança, para o jornal Globinho, ou mandava minhas poesias para o jornalzinho da escola e também do meu início no Facebook, já na faculdade. Falei um pouco da minha trajetória nas escritas e como vim parar aqui na aba “Sobre” da plataforma Substack, a escolhida para publicar os textos da newsletter. Se tiver interesse nisso, dê uma olhada lá.
Meus agradecimentos de hoje vão para duas pessoas que não encontro tanto pela correria das rotinas, mas que são amigos muito queridos e que de alguma forma me ajudaram nessa caminhada literária:
Felipe Glioche, que me ofereceu, lá em 2018, a sua página no Facebook para publicar meus textos e permitiu que eu colocasse no mundo alguns escritos perdidos no meu computador. Essa newsletter talvez nem estivesse no ar se não fosse a sua (nossa) página. Obrigado, meu amigo.
Giovanna Russo, que tinha paciência para ler meus textos ainda no bloco de notas do meu celular e dava pitacos relevantes quando voltávamos da faculdade juntos de metrô. Um dia ela me deu uma dica valiosa de pontuação para melhorar a minha escrita e ajudar na cadência da leitura dos meus textos. Obrigado, minha amiga.
Já falei demais, vamo nessa!
#0 - Corridas e trens
Acordo atrasado, como sempre. Tomo banho calculando o tempo dos movimentos. É xampu com dente escovado. É sabonete na perna tirando aquela espinha do queixo. Café da manhã misturado com a preparação da marmita do almoço, gastar 30 conto com comida no Centro em dia útil? Tá maluco! Mochila nas costas e golada no café. Dente eu escovo no trabalho, agora é Halls preta na boca até o metrô para não chegar com bafo. Sapato eu coloco no elevador, nem amarro mais o cadarço, é enfiar o pé e dar aquela ajudinha com os dedos indicador e médio para o calçado entrar.
O caminho até o metrô vira prova de 800 metros com barreira, voando pelas calçadas, desviando dos ocupados e desocupados que esbarro pelo caminho. Desce a escada, passa o Riocard, roda a roleta, mais um tiro livre até a plataforma.
Aí vira loteria...
A verdade é que corremos sem saber se chegaremos no timing para o próximo trem.
Sabe aquele aperto no peito que dá ao descer a escada e ver o trem partir?Aí pensamos que devíamos ter corrido mais um pouco. Se esforçado mais um pouco. Calculado os movimentos mais um pouco. Lembramos de momentos que podiam ter sido diferentes. Atitudes desnecessárias e supérfluas. Bobeadas e perdas de tempo. Um sinal verde que deixamos ficar vermelho.
Só que outras vezes corremos demais para pegar um trem que ainda vai demorar a chegar e abrir as suas portas. Bufamos impacientes. Reclamamos da demora, do atraso, e percebemos que é bem pior esperar que ser esperado. Aí pensamos que poderíamos ter feito tudo com mais calma. Ter ajeitado as coisas com mais carinho. Ter cuidado e prezado mais. Ter dado mais importância a alguma tarefa. Um pouco menos de pressa. Um pouco mais de paciência. Corrido menos riscos. Ter se precipitado menos. Um sinal vermelho que passamos podendo ter esperado o verde piscar.
E assim é o amor.
Por vezes sentimos que corremos de menos, em outras, que corremos demais.
Só esquecemos que, no caso dos trens, a causa do problema foi não ter acordado com antecedência. Despertando mais cedo, não importa se o trem demora a chegar, nem se ele vai embora sob os seus olhos. Sem atraso, você sabe que ainda vai chegar a tempo. E a situação sempre estará a seu favor.
Mas o amor não é assim.
O amor te pega de surpresa, te arrebata, te deixa abobado. Até não querendo pensar, você pensa. Mesmo não querendo olhar, você olha. Ainda que não queira se preocupar, você se preocupa. Zela. Cuida. Torce. AMA. Pura e simplesmente ama.
Por isso, acordar mais cedo não existe. É uma solução objetiva demais para algo tão subjetivo e complexo como o amor. Um sentimento que aparece sem mais nem menos, que te atrasa de curiosas e diferentes maneiras, positiva e às vezes negativamente. E tudo vira uma corrida. Uma corrida pelo desconhecido universo de uma outra alma, que pode muito bem se esvair de uma hora para outra como um trem que deixa a plataforma com um arranque imparável, te deixando apenas com o vento de sua partida. Ou pode ser uma corrida precipitada para uma espera aparentemente interminável.
E dói! Como dói.
Mas se é inevitável, o que fazer?
Quando sentir que o amor de verdade chegou, corra. Corra que um dia, quem sabe, você vai descer as escadas com as portas se abrindo. Ou dar a sorte de o piloto dar uma freada e abrir novamente a entrada. No angustiante aguardo, pode rolar uma chegada inesperada. E aí você vai embarcar, se sujeitando às suas paradas e avanços, mas diferente do trem, você não vai saber exatamente quando vai saltar.
Porque amor chega e some, ele só não te indica quando.
dudu moraes da dudu escreve - muito a dizer
A edição de hoje foi só uma surpresinha. Nos vemos no dia 15/06, às 10h para o texto #1.
Muito obrigado pela leitura!
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As inúmeras possibilidades de sentir o amor ❤️ Difícil, forte, intenso e por ai vai….. Já quero mais textos! Chega logo 15/06
Sensacional!! O amor é efêmero, fulgaz … mas tá sempre vivo 😍